Eu nunca me importei em viver histórias de uma noite, desde que eu soubesse disso desde o começo do dia. Eu ainda não sei muito bem lidar com isso. E tenho meus motivos. Foi tanta gente desgraçada que me envolvi nessa vida que passei a acreditar no meu dedo podre. Parecia que tudo que de bom que eu encostava ficava ruim. Muitas foram as vezes em que eu ouvi um milhão de promessas do tipo: “amanhã a gente se fala”, “depois te ligo”, “semana que vem a gente marca de novo” mas que no fim só renderam em mais força pra minha ansiedade que já é invencível; só renderam mais sábados de moletom e meia no sofá com meus seriados. Mas entenda, essa parte nunca foi problema pra mim. Eu sempre me bastei, o problema é quando nos vendem uma ideia que não podem cumprir; é quando te fazem ver um mundo que não vai existir.
E a minha raiva, ou melhor, a minha vontade de matar só aumentava porque não entrava – e não entra – na minha cabeça o porquê de uma pessoa preferir mentir para outra como se mentisse dor de barriga pra não ir pra escola. Eu não quero que fiquem comigo por obrigação, mas eu exijo que eu saiba o que querem, seja o que raios for. Pra mim é tão óbvio que dou risada de nervosismo.
Eu não quero generalizar, mas eu tenho mais motivos para desconfiar do que pra acreditar em alguém. Percebo e aceito as boas intenções de qualquer um. Por outro lado, eu tenho o direito de sentir medo. Tenho medo de contar dos meus planos, contar da minha vida, deixar opinar sobre meus dias, dividir meus problemas e meus prazeres de família, pra depois me ver como um nome riscado daquela lista de metas de pegação e me ver encaixada numa prateleira de brinquedos colecionáveis. E olha, de verdade, eu só falo isso porque já me trataram assim um monte de vezes.
É até injusto com a minha própria vida, eu sei, sou quem deve arriscar pelo meu desejo em ser feliz, mas até lutar pela felicidade é algo que nem sempre dá prazer.
Desculpe, é difícil.
Olha, sabe o que é o mais louco? É que apesar de todas as coisas ruins que já vivi e todas aquelas pessoas horríveis com quem já compartilhei minha vida, eu prefiro continuar arriscando, ainda que não seja possível ver se faz sentido. Sei lá, não sei explicar direito. Essa minha armadura cheia de argumentos contra a dor cai por terra quando vejo meu celular acender por uma mensagem de alguém – por mais simples que seja. É que isso tem a ver com o fato de que podem até tentar acabar com o que sinto, mas nunca acabarão com o que sou; podem arruinar todo o meu sentimento, mas nunca me verão deixar de sentir de novo.
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Eu poderia ter escrito esse texto. Essa é uma adaptação editada para minha vida de "Como acreditar que você não será só mais um?" de Márcio Rodrigues.
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