domingo, 28 de junho de 2009

Negrinha - Monteiro Lobato

Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma — na princesinha e na
mendiga.

Acho muito bem feito esse conto de Monteiro Lobato. Escreveu bem a realidade do "regime novo". Refleti bem sobre ele, e decidi colocá-lo aqui (alguns trechos) pra que vocês também tenham a honra de ler esse conto maravilhoso que como tantos outros desse grande escritor nos faz refletir e se emocionar!

Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.
(...)
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos — e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo — essa indecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: a polícia! “Qualquer coisinha”: uma mucama assada ao forno porque se engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: “Como é ruim, a sinhá!”...
O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana. Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo:
— Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!...
(...)
Certo dezembro vieram passar as férias com Santa Inácia duas sobrinhas suas, pequenotas, lindas meninas louras, ricas, nascidas e criadas em ninho de plumas.
Do seu canto na sala do trono, Negrinha viu-as irromperem pela casa como dois anjos do céu — alegres, pulando e rindo com a vivacidade de cachorrinhos novos. Negrinha olhou imediatamente para a senhora, certa de vê-la armada para desferir contra os anjos invasores o raio dum castigo tremendo.
Mas abriu a boca: a sinhá ria-se também... Quê? Pois não era crime brincar? Estaria tudo mudado — e findo o seu inferno — e aberto o céu? No enlevo da doce ilusão, Negrinha levantou-se e veio para a festa infantil, fascinada pela alegria dos anjos.
Mas a dura lição da desigualdade humana lhe chicoteou a alma. Beliscão no umbigo, e nos ouvidos, o som cruel de todos os dias: “Já para o seu lugar, pestinha! Não se enxerga”?
(...)
Negrinha olhou para os lados, ressabiada, como coração aos pinotes. Que ventura, santo Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca. E muito sem jeito, como quem pega o Senhor menino, sorria para ela e para as meninas, com assustados relanços de olhos para a porta. Fora de si, literalmente... era como se penetrara no céu e os anjos a rodeassem, e um filhinho de anjo lhe tivesse vindo adormecer ao colo. Tamanho foi o seu enlevo que não viu chegar a patroa, já de volta. Dona Inácia entreparou, feroz, e esteve uns instantes assim, apreciando a cena.
Mas era tal a alegria das hóspedes ante a surpresa extática de Negrinha, e tão grande a força irradiante da felicidade desta, que o seu duro coração afinal bambeou. E pela primeira vez na vida foi mulher. Apiedou-se.
Ao percebê-la na sala Negrinha havia tremido, passando-lhe num relance pela cabeça a imagem do ovo quente e hipóteses de castigos ainda piores. E incoercíveis lágrimas de pavor assomaram-lhe aos olhos.
Falhou tudo isso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo — estas palavras, as primeiras que ela ouviu, doces, na vida:
— Vão todas brincar no jardim, e vá você também, mas veja lá, hein?

Negrinha ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não viu mais a fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu.
Se alguma vez a gratidão sorriu na vida, foi naquela surrada carinha...
Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma — na princesinha e na mendiga.
E para ambos é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos divinos à vida da mulher: o momento da boneca — preparatório —, e o momento dos filhos — definitivo. Depois disso, está extinta a mulher.
Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. Divina eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si e que desabrochava, afinal, como fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à altura de ente humano. Cessara de ser coisa — e doravante ser-lhe-ia impossível viver a vida de coisa. Se não era coisa! Se sentia! Se vibrava!
Assim foi — e essa consciência a matou.
Terminadas as férias, partiram as meninas levando consigo a boneca, e a casa voltou ao ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se outra, inteiramente transformada.

Dona Inácia, pensativa, já a não atazanava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa de coração, amenizava-lhe a vida.
Negrinha, não obstante, caíra numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a expressão de susto que tinha nos olhos. Trazia-os agora nostálgicos, cismarentos.
Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro do seu doloroso inferno, envenenara-a.
Brincara ao sol, no jardim. Brincara!... Acalentara, dias seguidos, a linda boneca loura, tão boa, tão quieta, a dizer mamã, a cerrar os olhos para dormir. Vivera realizando sonhos da imaginação. Desabrochara-se de alma.
Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e anjos remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por aquelas mãozinhas de louça — abraçada, rodopiada.
Veio a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida, confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última vez o cuco lhe apareceu de boca aberta.(...)

Para ver o conto completo e o final dessa história que o deixa emocionado, ao mesmo tempo morrendo de raiva, e pena, e tristeza, e muitos outros sentimentos: Clique Aqui!
VALE A PENA!

sábado, 27 de junho de 2009

Viva a Liberdade de Expressão!

Liberdade de expressão - O direito à liberdade de expressão garante a qualquer
indivíduo a possibilidade de se manifestar, de buscar e receber idéias e
informações de todos os tipos e independentemente da intervenção de terceiros.
Isto pode ocorrer oralmente, de forma escrita, através da arte ou de qualquer
meio de comunicação.



Porque as pessoas insistem em querer que todos falem e pensem somente os que eles querem? O que é isso? Ninguém mais no mundo pode ter opinião? Ninguém pode falar o que quer sem ser julgado? Nós simples seres humanos, pensamos, falamos, agimos... seja certo ou errado. Divergências são sempre bem interessantes claro, mas até que ponto essas divergências são sadias?
Pessoas querem que os outros mudem seu jeito de pensar e de agir.
Que se dane, mas eu não mudo. E admiro quem também não.

Não estou falando de mim, mas de uma cena que vi a pouco no twitter... É incrível como há pessoas com tais preocupações... todos tem o direito de pensar e agir da forma que quiser!! Os meios de comunicação são criados para sermos quem nós somos, não meros abestalhados moradores de um planeta em que todos fingem ser o que não são diante de outros. Principalmente Blogs e Twitter. Creio que é o meio de nos revelar e falar o que sentimos e achamos! Sermos sinceros pelo menos com o nosso EU. Não aqueles que no "mundo real" riem para agradar aos outros, mas aqui rimos para NOS agradar. É horrível pensar dessa forma mas não sejamos tão artificiais a ponto de falar que não é isso que acontece. Sim, é isso sim que acontece. Aqui podemos falar tudo. Quer os outros gostem ou não. Mas estamos no nosso mundinho. E isso ninguém pode tirar de nós.
Então seres, deixem os outros escreverem, pensarem e agir do jeito que bem entender!

Esse não foi o mundo em que sonhei viver toda uma vida...

Admiro e aplaudo de pé pessoas com ATITUDE e PERSONALIDADE que não se deixam influenciar por aqueles que nada possuem na cabeça. Obrigada por pessoas assim ainda existirem.

Mirella Cristina

Vazio.


...


Sem muito o que falar... só que o meu coração está vazio vazio. Como queria que ele se enchesse de amor e esperança. Fazia tempo que não me sentia tão vazia assim, acho que fiquei mal acostumada.


sexta-feira, 19 de junho de 2009

Mudei o template.


Estava cansada da minha antiga obra de arte do meu antigo template. Procurei uns legais pra colocar no meu cantinho, parecido com ele, com meu jeito, enfim... Foi difícil, mas eu achei esse aqui tão fofinho. A leveza, as cores, a menina, a música, o animal, o toque sutil que esse template tem. Gostei dele. Me falem por favor se vocês gostaram e tal, ainda estou me acostumando com ele, então a qualquer momento posso mudá-lo... vai saber quando eu não vou o querer mais. rsrs.


Mudanças são necessárias. Não só no blog, mas nos nossos pensamentos, atos, sentimentos... Aos poucos estou mudando também...


Mas algumas coisas nunca mudam... é tão difícil ser racional?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Recesso.

Ê!! Tenho um grandesíssimo belo recesso pela frente... 10 dias. UAU. É tempo suficiente pra colocar as matérias em dia? É tempo suficiente pra pensar em tudo o que eu fiz de certo e errado nesses 6 meses? É tempo suficiente para esquecer alguns problemas?

Só no final poderei responder. O importante é que quero aproveitar da melhor forma possível esse tempinho que me é dado. Levando em conta que depois desse, só Deus sabe quando terei tamanha "moleza". rsrs.



Estou preocupada comigo... meus sentimentos não estão confusos, depois de tanto tempo... quer dizer, não sei mais nem se eu ainda possuo sentimentos. Possuo claro, mas não os que eu estou acostumada a ter. Alguma coisa aconteceu comigo. E não sei o que foi, preciso descobrir de uma forma interna, pessoal. Quando descobrir, claro que deixarei bem claro por aqui. Até porque será uma bela história para se contar.



*****



Áh, que lindo. Recebi meu primeiro Selinho. *-* Obrigada Priscila !!




domingo, 14 de junho de 2009

Twitter...

Fiz meu twitter hoje a noite. Estou sentindo que minha vida online está difícil de acabar. Sempre novas novidades... Coitado dos meus estudos... eles que estão sofrendo.
Já estamos em JUNHO! Ó Deus, pq o dia não tem 30 horas???
E eu me lamento agora... aiaiai... Calma Mirella, calma...

sábado, 13 de junho de 2009

E tudo se fez claro...


Primeira vez que venho ao blog sem ter nada no pensamento... É incrível... pela primeira vez me vi pensando que estava afim de escrever mas quando me dei conta, não tenho o que escrever!Também, depois de ontem, quando todos os sentimentos confusos se evaporaram, a agonia e o nervosismo se dissiparam, acho que meus pensamentos estão um pouco mais organizados, tudo organizadinho como sempre devia estar...

Ontem me senti livre, livre de todas as minhas dúvidas, tristezas, incompreensões... Mais uma vez digo que aprendi com a vida, fiz besteira, e essa besteira serve pra aprender, aprender a não cometer o mesmo "erro", não, não foi erro, mas também não foi o certo. Queria tanto que isso não envolvesse os sentimentos de outra pessoa, eu sinto muito, mas tinha que ser assim... Preciso encontrar a minha felicidade, e ontem me senti livre, me senti solta, me senti feliz em saber que sou capaz de achar, e vou procurar... Desculpe.

Estou pronta pra seguir em busca da MINHA felicidade, mesmo cometendo erros e aprendendo com eles, mesmo sem ter a certeza do que estou fazendo, mesmo sabendo que posso me machucar, mas ontem tudo se fez claro, contradições se foram e estou pronta pra seguir nessa busca novamente.
Não queria que fosse assim, mas um sentimento de alívio me invadiu quando percebi que não sinto mais nada por você... Tinha que acabar assim, acabar o que nem começou, agora só a lembrança dos momentos especiais vão ficar.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Seleção em Recife.



Eu só não imploro de joelhos pra ir ao Recife ver a Seleção porque Diego não tá jogando. ;~

Digo logo.


Pra frente BRASIL!